Um dia...
“Mas
calma, espera que um dia você encontra. Um dia você encontra alguém que
te faça sorrir como ninguém nunca jamais conseguiu, alguém que te faça
sorrir como só existisse você, você e você; Um dia você encontra alguém
que põe fim em todas suas dores e mágoas e sofrimentos e pesares e tudo.
Tudo de ruim, essas lembranças terríveis que você insiste em recordar,
insiste em carregar aí dentro de ti, enquanto já deveria ter jogado-as
fora. E pensando bem, um dia você encontra. Um dia você encontra alguém
que te protege, te cuida, te ama, alguém que te tenha nas mãos, que tu
não imagina sem e não tem dúvida alguma te poder olhar fundo em suas
órbitas e poder dizer: “eu não vivo sem você.” Mas você sabe que viveria
sim, mas não tão bem quanto ao lado dela.
Um dia desses você vai
se pegar pensando, “cara, eu amo esse/essa idiota”, e é verdade, você
ama. E se sente extremamente melhor por saber que é recíproco, digo,
essa coisa de dizer “eu te amo” e obter a mesma resposta, ou até
superior, como um “eu te amo mais”. E são nessas horas que teu coração
parece querer sair pela boca, seus olhos fulgem como nunca: brilham,
pulam, reluzem, resplandecem. Você parece querer compartilhar essa tua
espontaniedade com todos, mostrando o quanto se encontra bem com esse
alguém, chegando até a pensar “ah, melhor do que já é? Impossível.”
Você, em sua pouca idade, vive um dos momentos mais belos da vida. Você
está experimentando o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque o
que você é agora, te possibilita a ensaiar o futuro no presente. Neste
momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer laços muito
diversificados. Tudo parece perfeito, cabível e excessivamente bem. Mas
aí você passa a sentir medo, medo de perder, de não ter, de desperdiçar,
de desgastar, esgotar e arruinar. Medo de ser substituída, trocada, de
ele encontrar alguém melhor que você. O seu coração sabe disso, porque
certamente já experimentou o amargo sabor da solidão. Você sofre. Às
vezes você sofre porque é preciso. A vida não vai te fazer sorrir o
tempo todo. Perceba. A vida te faz sofrer pra ver se você suporta. É
apenas um teste. Nem todos passam, e acabam desistindo, e então, se
perdem. Mas você não irá se perder. Sabe o porquê? Você tem ele. Tem ele
pra quando você decidir, talvez, desistir, ele te faz mudar de ideia
sem ser preciso dizer muita coisa.
E você percebe que o ama. É, o
ama. E tu passa a pensar nele 24 horas por dia, e se fosse possível,
mais. Pensa tanto nesse (teu) alguém -sim, teu alguém, na tua mente,
talvez na dele também, quem sabe-. Você pensa tanto que isso passa a te
consumir por dentro, consumir teu tempo, teu espaço, tudo. Parece que o
amor vem mastigando teu cérebro que você não consegue pensar em nada
além dele, dele.
E tu nunca tem certeza se ter encontrado esse
alguém foi tão bom quanto nunca ter o conhecido. É como uma insegurança
constante de que o que te faz bem agora pode te trazer insatisfação,
desânimo, um abatimento vago, falta, uma aflição profunda e um
“contentamento descontente” como dizia Camões. E pior: pode te fazer
mal. Da mesma forma que um vício, droga talvez, te leva ao ápice da
alegria no início, mas tu cai na real e percebe que isso acaba, te
destrói, te machuca, te debilita, simplesmente por ser temporário. Você
morre. Digo, literalmente, mas morre. Morre sem ser de corpo e alma,
morre tua possibilidade de algo concreto com ele, porque cá entre nós,
vocês sempre foram pela metade. Morre tua esperança e expectativa. Morre
o teu interior, morre o que tem no espaço comprimido entre os limites
de teu corpo, o que tá aí dentro ó, batendo. E que bate cada vez mais
lento, cada vez mais fraco em todas as vezes que ele te diz algo que não
te satisfaz, ou até, não corresponde a tua perspectiva. E que, de
alguma forma, te deixa pra baixo, ou na verdade, no chão!
O que
antes tu nunca faria por ninguém, tu passa a fazer frequentemente por
teu alguém, como dar a vida, digo, de novo, literalmente. É como se
entregar totalmente por tal e ele não alcançar a porcentagem obtida por
você. É como se ele pisar em você, é capaz de tu beijar o sapato dele. E
aí começa um novo ciclo dessa história um tanto quanto trágica de
vocês: Essa relação começará ser muito pesada para ambos. Será
fortemente marcada pela dependência, pelas cobranças e pelo ciúme. Ambos
passam a viver uma insegurança muito grande, pois nunca sabem ao certo o
papel que exercem na vida um do outro. O amor deixa de ser amor e passa
a ser sentimento de posse, como se o outro fosse uma propriedade
adquirida, pronta para atender tudo o que você pedir, ou quiser. O pior,
tu começa a dar mais valor nele do que em ti própria, mas tu logo
pensa: eu encontrei o alguém errado. E te digo sem receio algum: é
verdade. Mas não pense que terá de desistir, deixar de lutar pelos dois,
talvez isso os impulsione mais, e que isso não os façam ceder o “nós”
que vocês dois tanto esperam. E te falo novamente: Insista. Sabe por
que? Porque você é a pessoa certa para ele, mesmo ele sendo o inadequado
pra você.
Pois é. Um dia desses você vai desejar nunca ter o
conhecido, vai bater a porta na cara dele dizendo “suma da minha vida”,
seria até mais contagiante se os vizinhos ouvissem. Na outra semana, ele
te aparece e e te liga mil e uma vezes por dia te pedindo desculpas por
algo que ele, nem ao certo, fez. Ele rasteja e implora pra voltar, e
sem pensar duas vezes: você aceita. Outras vezes vai ser você que irá
pedir em tom de súplica, o solicitando com ansiedade e insistência para
que volte, enquanto ele não quer te ver nem pintada-de-ouro. Tu liga
para ele todos os dias pedindo, “volta, por favor”, mas vai dizer que tu
não cansa? Claro que cansa. E muito. E a tua última mensagem de voz,
será apenas um “vá a merda.” Assim como na outra vez, você não pensou
duas vezes em tomar alguma atitude. Você cai em lágrimas. Mas logo as
enxuga e fala pra si mesma, “ele volta, ele sempre volta.” E é verdade.
Ele volta porque sabe que você é a única que sabe cuidar dele tão bem, o
que os torna um dependente do outro.
E você acaba lendo isso e
encaixa cada frase escrita aqui a vocês dois, e pensa nele e sorri por
ele e chora por ele e respira por ele. Exagero, não? Sim, talvez. Amor é
um verdadeiro exagero.
E então tu liga para aquele teu amigo que
você não ver a anos e o pergunta como anda o casamento, os quais, eram
típicos de namorados “perfeitos”, estereótipo clichê. E ele apenas te
respondeu, “foi por água abaixo”. O motivo? Algo tão
comum-trivial-habitual-normal, se tornou tão sem graça que desgastou.
Assim, tu caiu na real que perfeição não é com vocês, que essa coisa de
ser 100% aceitável aos dois não se encaixa a ti e ele. E a verdade é que
tu é para ele o que ele nunca esperou em ter, mas desejou. E ele é pra
você o que tu sempre esperou em ter, mas nunca desejou. Concluindo:
vocês são imperfeitamente imperfeitos um para o outro. Clichê, não? Ah,
mas vocês devem ser isso mesmo, mas o que tem de mais?
E quem
diria, duas pessoas totalmente opostas se dando tão bem! Não, não tão
bem assim, as brigas entre os dois são extremamente constantes, mas
possuem um final totalmente oposto ao início delas: em beijos. E vamos
aos fatos, e quando seus pais forem conhecer ele? Não se surpreenda se
eles o odiar. A razão é que tu os dava uma descrição oposta ao que ele
realmente é, talvez porque você o via de uma maneira melhor, como uma
pessoa melhor, vendo só a parte boa, só a parte que te ama. Você o via
perfeito, mesmo ele não sendo. E não se preocupe se os seus pais
realmente o odiarem, terão de se acostumar, e você também. Por bem ou
por mal, até porque: ele é o amor da sua vida. Sim, não se espante ao
ler-ouvir isso, terá de suportar aquela toalha molhada em cima da cama e
de o ouvir reclamar o quanto foi insuportável o dia do trabalho. Mas o
que você pode fazer? Teu alguém nasceu para você, você nasceu para teu
alguém e não há quem duvide disso. Todo mundo diz! Já deve ter ouvido
por aí, “ah, eles ficam melhores juntos”, e mesmo que tu discorde disso,
você sabe que é verdade. E , você só o encontra uma vez, porque digo e
repito: ele será o amor da sua vida. Todo seu. E tu terá de aturá-lo dia
após dia, não que você não queira aturar, tô falando de suportar,
suportar todos os míseros dias da sua vida ao lado da sua vida. E você
consegue, sei que você consegue, afinal, quando se tem amor, passa por
qualquer coisa. Então, tu irá conseguir, porque tu o completa, ele te
completa. Essa é a verdade, mas vou logo te avisando: terá de aguentá-lo
mesmo, aguentar as crises, as circunstâncias, as condições, os “poréns”
da vida, tudo. Tudo. Você será, e já é, totalmente dele e ele,
totalmente teu. No começo, confesso, as rotineiras borboletas no
estômago, não serão apenas borboletas, se tornarão verdadeiros
dinossauros pisando o teu estômago. Aquelas tuas mãos frias se tornarão
extremamente gélidas, e sem se esquecer de citar as suas pernas bambas
após vê-lo. Mas não se preocupe muito com isso, é normal quando se tem
amor. E não se espante, de novo, ao ouvir-ler isso, acho que no fundo aí
de ti, você sabe que é amor. Você o ama.
E não adianta nem
desdizer e desmentir o que tanto venho insistindo em dizer aqui, você
sabe que tudo que vem sendo escrito aqui, cada palavra minúscula,
macabra, insignificante, clichê e estúpida que seja, tem (sei que tem),
alguma relação com teu alguém e tu. E cá entre nós, não há como negar,
você está perdidamente apaixonada.”
Autor Ariel S.
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